sábado, 24 de setembro de 2011

A Estação das Perdas

A Estação das Perdas

Há horas em nossas vidas que somos tomados por uma enorme sensação de inutilidade, de vazio... Questionamos o porquê de nossa existência e nada parece fazer sentido. Concentramos nossa atenção no lado mais cruel da vida, aquele que é implacável e a todos afeta indistintamente: as perdas do ser humano. Ao nascer, perdemos o aconchego, a segurança e a proteção do útero. Estamos, a partir de então, por nossa conta. Sozinhos. Começamos a vida em perda e nela continuamos. Paradoxalmente, no momento em que perdemos algo, outras possibilidades nos surgem. Ao perdermos o aconchego do útero, ganhamos os braços do mundo. Ele nos acolhe: nos encanta e nos assusta, nos eleva e nos destrói. E continuamos a perder.. E seguimos a ganhar. Perdemos primeiro a inocência da infância. A confiança absoluta na mão que segura nossa mão, a coragem de andar na bicicleta sem rodinhas porque alguém ao nosso lado nos assegura que não nos deixará cair... E ao perdê-la, adquirimos a capacidade de questionar. Por que? Perguntamos a todos e de tudo... Abrimos portas para um novo mundo e fechamos janelas, irremediavelmente deixadas para trás... Estamos crescendo. Nascer, crescer, adolescer, amadurecer, envelhecer, morrer, renascer(?)... Vamos perdendo aos poucos alguns direitos e conquistando outros. Perdemos o direito de poder chorar bem alto, aos gritos mesmo, quando algo nos é tomado contra a vontade. Perdemos o direito de dizer absolutamente tudo que nos passa pela cabeça sem medo de causar melindres. Assim: se nossa tia às vezes nos parece gorda tememos dizer-lhe isso. Receamos dar risadas da bermuda ridícula do vizinho ou puxar as pelanquinhas do braço da avó com a maior naturalidade do mundo e, ainda, falar bem alto sobre o assunto. Estamos crescidos e nos ensinam que não devemos ser tão sinceros. E aprendemos... E vamos adolescendo. Ganhamos peso, ganhamos seios, ganhamos pêlos, ganhamos altura.Ganhamos o mundo. Neste ponto, vivemos em grande conflito. O mundo todo nos parece inadequado aos nossos sonhos... Ah! E os sonhos!!! Ganhamos muitos sonhos Sonhamos dormindo, sonhamos acordados, sonhamos o tempo todo. Aí de repente, caímos na real! Estamos amadurecendo... Todos nos admiram. Tornamo-nos equilibrados, contidos, ponderados. Perdemos a espontaneidade. Passamos a utilizar o raciocínio, a razão acima de tudo. Mas, não é justamente essa a condição que nos coloca acima dos outros animais? A racionalidade, a capacidade de organizar nossas ações de modo lógico e racionalmente planejado(???). E continuamos amadurecendo. Ganhamos um carro novo, um companheiro, ganhamos um diploma. E desgraçadamente perdemos o direito de gargalhar, de andar descalço, tomar banho de chuva, lamber os dedos e soltar pum sem querer. Mas, perdemos peso!!! Já não pulamos mais no pescoço de quem amamos e tascamos aquele beijo estalado. Mas, apertamos as mãos de todos, ganhamos novos amigos, ganhamos um bom salário, ganhamos reconhecimento, honrarias, títulos honorários e a chave da cidade. E assim, vamos ganhando tempo. Enquanto envelhecemos. De repente percebemos que ganhamos algumas rugas, algumas dores nas costas (ou nas pernas), ganhamos celulite, estrias, ganhamos peso... e perdemos cabelos. Nos damos conta que perdemos também o brilho no olhar, esquecemos os nossos sonhos, deixamos de sorrir. Perdemos a esperança. Estamos envelhecendo. Não podemos deixar pra fazer algo quando estivermos morrendo. Afinal, quem nos garante que haverá mesmo um renascer? Exceto aquele que se faz em vida, pelo perdão a si próprio, pelo compreender que as perdas fazem parte. Mas, que apesar delas, o sol continua brilhando e felizmente chove de vez em quando. Que a primavera sempre chega após o inverno, que necessita do outono que o antecede. Que a gente cresça e não envelheça simplesmente. Que tenhamos dores nas costas e alguém que as massageie. Que tenhamos rugas e boas lembranças. Que tenhamos juízo mas mantenhamos o bom humor e um pouco de ousadia. Que sejamos racionais. Mas, lutemos por nossos sonhos. E, principalmente, que não digamos apenas eu te amo. Mas, ajamos de modo que aqueles a quem amamos, sintam-se amados mais do que saibam-se amados. Afinal, o que é o tempo. (texto de Aila Magalhães)

4 comentários:

Keilla Colombo disse...

Oi flor...o texto é lindo e bem tocante....


Quanto a torta paulista: que olhinho vc tem hein, rsrsrrs

Não vai paçoquinha na receita, mais meu marido é paçoqueiro de plantão, não resti a um amendoin moído...então como estava na promoção o pote de paçoquita, ele comprou e aproveitou para colocar na decoração...percebeu sobre a torta que tem amendoim inteiro e uns farelinhos? pois então, eles são paçoquinhas amassadas com um garfo....

pode fazer a torta, que garanto que vc não vai se arrepender, e se vc gostar, pode colocar chantily entre as camadas, fica uma delicia...

faz e depois nos mostra...
Bjosss

Glória Maria - Fadinha disse...

Te amo Zoleide. Bj

lenalima disse...

LINDO TEXTO!
SUAS RECEITAS ESTÃO UMA DELICÍA, JÁ COPIEI A FLORESTA BRANCA DE TRAVESSA
VOU FAZER...
OBRIGADA AMIGA PELO RECADINHO, AMEI!!!
BM DOMINGO!!!
BJSSSSSSSSSSSS

Marion disse...

Lindo texto! E brigada por participar do sorteio e divulgar! Boa sorte! Abs. Marion